"Gol adquire Webjet por R$ 311 mi e reforça o duopólio do mercado aéreo"
"Por R$ 311 milhões, a Gol Linhas Aéreas adquiriu a Webjet. Desse valor da transação, R$ 96 milhões são referentes às ações da companhia e o restante refere-se às dívidas da aérea que detém apenas 5,16% de participação no mercado doméstico e uma frota de aviões velhos. A Webjet atraiu a atenção da Gol por causa dos slots (horários de pouso e decolagem) que detém em aeroportos centrais do País, como os de Guarulhos e Santos Dumont, no Rio de Janeiro. "A Gol não está comprando a Webjet. Ela está comprando os slots da empresa. O que eles vão querer com aviões velhos?", resume o professor Elton Fernandes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). - A família Constantino, dona da Gol, já havia feito uma proposta para adquirir a empresa de Guilherme Paulus, um dos fundadores da operadora de turismo CVC, mas esta não fora aceita. Desta vez, Paulus concordou em vender sua aérea para a concorrente. As negociações foram conduzidas pessoalmente pelo presidente da Gol, Constantino Junior. Procuradas pelo DCI, a Webjet preferiu não comentar a operação; a Gol, no entanto, divulgou nota admitindo as tratativas antes do anúncio oficial.
"Com isso, fica reforçado o duopólio Gol/TAM na aviação civil brasileira. A operação sem dúvida é boa para os acionistas da Gol, mas talvez não seja para a população que compra passagens aéreas", observou Christian Majczak, analista do setor da Go4! Consultoria de Negócios. A Webjet (que era a 4ª maior empresa do mercado doméstico de aviação) vinha recebendo assessoria da irlandesa Ryanair, companhia que é símbolo mundial da aviação de baixo custo. Havia especulações de que os irlandeses poderiam adquirir a Webjet (que também opera como low cost) para entrarem no Brasil. Com a compra, os Constantino simultaneamente afastaram o risco da chegada de um novo competidor na aviação brasileira e contra atacaram sua rival TAM, que tenta fundir-se com a chilena LAN para se tornar uma das maiores aéreas do mundo.
A grande pergunta agora é se a marca e o modelo de negócios low cost da Webjet serão mantidos pela Gol. "Acredito que sim", responde Majczak. "Companhias de baixo custo são uma tendência forte na aviação mundial. A Webjet já é dona de um know-how interessante nisto, e acho que a Gol não vai querer desperdiçá-lo". Vale lembrar que a Gol tem experiência neste tipo de aquisição: com 10 anos de existência, a empresa já adquiriu em 2007 a fatia saudável da Varig e, ano passado, comprou participação majoritária na Global Taxi Aéreo, que trabalha com fretamento de aeronaves executivas."
Fonte: DCI