Endrigo Antonini

"Chefe ou Líder? O que as empresas precisam?"

January 14, 2010 | 4 Minute Read

O ano está terminando e as empresas já começam a planejar 2010. Uma das metas principais de todas as organizações, independente da área de atuação, é conquistar bons resultados e prosperar o empreendimento. Para isso, é unânime dizer que o sucesso de qualquer empresa passa nas mãos de uma equipe forte, bem estruturada e pronta para encarar os desafios e demandas da atividade.

Ter gestores que consigam o melhor rendimento de cada membro da equipe é um fator essencial para a empresa conquistar tais objetivos. Mas, qual é o melhor perfil de gestores atualmente? O chefe ou o líder? Que características as empresas procuram nesse profissional?

Para responder essas e outras questões, o Portal Administradores conversou com os especialistas Orlando Pavani Junior, CEO da Gauss Consulting, consultoria especializada em gestão comportamental em empresas, e com Crismeri Delfino Corrêa, Vice-Presidente de Gestão e Inovação da ABRH-RS (Associação Brasileira de Recursos Humanos). Confira:

1 - Qual a principal diferença entre chefiar e liderar?

Orlando Pavani – Chefiar se caracteriza preponderantemente pela autoridade de alguém para com outro alguém, onde o “ser obedecido” é o grande diferencial dos bons chefes para os maus chefes. Já liderar é bastante diferente e se caracteriza pela capacidade de gerar seguidores, imitadores, admiradores, onde o “ser obedecido” fica substituído por “ser respeitado” e a função mais relevante de um líder é a de facilitar e encorajar seus seguidores a conseguirem aquilo que lhes foi designado, normalmente metas desafiadoras e de cunho transformacional.

Crismeri Delfino - Academicamente, chefe é aquele profissional que tem gestão de pessoas e gerencia tarefas. Líder é o profissional que possui gestão de pessoas e oferece apoio a sua equipe.

Um líder tem seguidores e usa seu poder para influenciar, cuida de sua equipe, oferece espaço de aprendizagem e reconhece, utilizando também a prática do elogio. Já o chefe, pode ficar apenas no âmbito da tarefa, gerenciando resultados operacionais e não observa, atentamente, o valor de seu colaborador.

2 - Chefe ou Líder? O que uma empresa precisa atualmente?

Orlando Pavani – Líder, sem qualquer sombra de dúvida. O problema é desenvolvê-los, uma vez que, a grande maioria dos gestores pende para comportamento de chefe ao invés de líder.

Crismeri Delfino - As empresas precisam capacitar os líderes, pois hoje, a exigência do mercado faz que esse profissional se envolva muito com as tarefas operacionais e, não sobra o tempo necessário para gerenciar melhor as pessoas.

3 - Quais sãos as características essenciais para comandar uma equipe com qualidade?

Orlando Pavani – Espírito de Liderança, carisma, foco em resultados, capacidade de tomar decisões com base no consenso e não com base na democracia, capacidade de ler e interpretar as emoções dos outros, consciência emocional sobre si mesmo, elasticidade, integridade e ética.

Crismeri Delfino – É necessário ter coerência nas atitudes (falar e fazer), conquistar credibilidade, reconhecer as boas tarefas executadas pela equipe, ser desafiador e um bom comunicador.

4 - Há empresas em que o chavão "Manda quem pode, obedece quem tem juízo" é muito utilizado. Até que ponto o autoritarismo e a inflexibilidade de um chefe podem atrapalhar ou colaborar nas atividades de um profissional?

Orlando Pavani – O líder bem desenvolvido é aquele que assume integralmente as eventuais falhas da equipe, mas divide 100% dos acertos, ou seja, a decisão final sempre é dele (do líder), mas o compartilhamento do processo e a capacitação e encorajamento dos seus liderados é uma diferença com relação ao COMO e não a O QUE fazer. Na verdade a melhor frase seria: MANDA QUEM TEM O PODER DESIGANDO E É RESPEITADO QUEM ATUA COMO LÍDER!

Crismeri Delfino – Você pode usar o “poder” para conseguir que as pessoas realizem seu trabalho (e atualmente, isso acontece muito), tornando as pessoas refém das empresas, com receio do desemprego. Mas, o uso desse “poder” não permite que as pessoas se superem, tenham entusiasmo e orgulho do que fazem. São esses sentimentos que trazem resultados surpreendentes.

5 - A falta de sintonia entre gestores e subordinados pode afugentar talentos dentro das empresas?

Orlando Pavani – Pode sim! Esta falta de sintonia é, em minha opinião, uma das principais razões para que a relação entre líderes e liderados não seja exemplar e bem sucedida, pois na grande maioria das vezes não se compatibiliza o perfil de competências emocionais do líder com o dos seus liderados. Um exemplo: se o líder é muito criativo, isto significa que ele tem o perfil de dar diretrizes globais ao invés de ordens específicas e detalhadas. No entanto, se o perfil do liderado é de uma criatividade menor, este gosta muito mais da ordem detalhada e tende a desvalorizar um líder que dá ordens esparsas demais. A correção desta circunstância não está em mudar um ou outro, mas apenas compatibilizar perfis comportamentais parecidos para atuarem em conjunto.

Crismeri Delfino – Atualmente, uma das questões mais preocupantes de uma organização é atrair e reter profissionais que agregam valor. A empresa tem que ser atrativa para despertar interesse em profissionais competentes, bem como, tem que ser extremamente estratégica para manter seus colaboradores.

Desta forma, a postura e influência do gestor na retenção e atração são fundamentais. Com certeza, a falta de sintonia fará o profissional buscar alternativas de não estar mais contribuindo para aquela empresa.

Fonte: Administradores

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