Endrigo Antonini

"Você está demitido!!!"

March 23, 2009 | 3 Minute Read

Bom, achei muito interessante esse texto. Ele adequa-se bem na fase que estamos vivendo onde a crise está no auge da sua fama, digo, todo mundo fala nela.

Para ajudar, hoje pela manhã estava escutando a rádio em um programa local onde o radialista lê algumas manchetes que estão publicadas nos jornais da região. E uma das empresas daqui da região colocou bem dessa forma.

O texto é um pouco antigo, mas se adequa a nossa época.

Fonte: Stephen Kanitz - Artigo Publicado na Revista Veja,  edição 1726, ano 34, nº45, 14 de Novembro de  2001.

Você é diretor de uma indústria de geladeiras. 

O  mercado vai de vento em popa e a diretoria decidiu  duplicar o tamanho da fábrica. 

No meio da  construção, os economistas americanos prevêem  uma recessão, com grande alarde na imprensa. 

A  diretoria da empresa, já com um fluxo de caixa  apertado, decide, pelo sim, pelo não, economizar  20 milhões de dólares.  Sua missão é determinar  onde e como realizar esse corte nas despesas.

Esse é o resumo de um dos muitos estudos de caso  que tive para resolver no mestrado de  administração, que me marcou e merece ser  relatado.. 

O professor chamou um colega ao lado  para começar a discussão. 

O primeiro tem sempre a  obrigação de trazer à tona as questões mais  relevantes, apontar as variáveis críticas, separar o joio do trigo e apresentar um início de solução.

"Antes de mais nada, eu mandaria embora 620  funcionários não essenciais, economizando 12 200 000 dólares. 

Postergaria, por seis meses os gastos com propaganda, porque nossa marca é muito forte. 

Cancelaria nossos programas de treinamento por um ano, já que estaremos em compasso de espera. 

Finalmente, cortaria 95% de nossos projetos sociais, afinal nossa sobrevivência vem em primeiro lugar". 

É exatamente isso que as empresas brasileiras estão fazendo neste momento, muitas até premiadas por sua ::responsabilidade social::.

Terminada a exposição, o professor se dirigiu ao meu colega e disse:

-Levante-se e saia da sala.

-Desculpe, professor, eu não entendi - disse John, meio aflito.

-Eu disse para sair desta sala e nunca mais voltar. Eu disse: PARA FORA! Nunca mais ponha os pés aqui em Harvard.

 Ficamos todos boquiabertos e com os cabelos em pé. 

Nem um suspiro. 

Meu colega começou a soluçar e, cabisbaixo, se preparou para deixar a sala. 

O silêncio era sepulcral. 

Quando estava prestes a sair, o professor fez seu último comentário:

-Agora vocês sabem o que é ser demitido. Ser demitido sem mostrar nenhuma deficiência ou incompetência, mas simplesmente porque um bando de prima-donas em Washington meteu medo em todo mundo. 

Nunca mais na vida demitam funcionários como primeira opção. 

Demitir gente é sempre a última alternativa.

Aquela aula foi uma lição e tanto. 

É fácil despedir 620 funcionários como se fossem simples linhas de uma planilha eletrônica, sem ter de olhar cara a cara para as pessoas demitidas. 

É fácil sair nos jornais prevendo o fim da economia ou aumentar as taxas de juros para 25% quando não é você quem tem de demitir milhares de funcionários nem pagar pelas conseqüências. 

Economistas, pelo jeito, nunca chegam a estudar casos como esse nos cursos de política monetária.

Se você decidiu reduzir seus gastos familiares ::só para se garantir::, também estará demitindo pessoas e gerando uma recessão. 

Se todas as empresas e famílias cortarem seus gastos a cada previsão de crise, criaremos crises de fato, com mais desemprego e mais recessão. 

A solução para crises é reservas e poupança, poupança previamente acumulada.

O correto é poupar e fazer reservas públicas e privadas, nos anos de vacas gordas para não ter de despedir pessoas nem reduzir gastos nos anos de vacas magras, 

CONSELHO MILENAR 

Poupar e fazer caixa no meio da crise é dar um tiro no pé. 

Demitir funcionários contratados a dedo, talentos do presente e do futuro, é suicídio.

Se todos constituíssem reservas, inclusive o governo, ninguém precisaria ficar apavorado, e manteríamos o padrão de vida, sem cortar despesas. 

Se a crise for maior que as reservas, aí não terá jeito, a não ser apertar o cinto, sem esquecer aquela memorável lição: 

"Na hora de reduzir custos, os seres humanos vêm em último lugar."

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